Entre a Propaganda e o Caos: Denúncia Expõe Falta de Materiais Básicos no Hospital Regional de Cacoal


Uma grave denúncia feita pela acompanhante de um paciente internado no Hospital Regional de Cacoal joga luz sobre um contraste alarmante: de um lado, a imagem de modernidade vendida em propagandas governamentais; do outro, uma realidade de escassez e improviso que, segundo ela, beira o “verdadeiro caos”.


A familiar, que acompanha o pai em um leito de isolamento, desabafa sobre a frustração de ver a unidade, inaugurada há mais de 15 anos, falhar no fornecimento do essencial. “Passa vídeos e vídeos na televisão de propaganda, falando sobre as televisões que foram instaladas, mas ninguém vive de televisão, né? A gente vive do mínimo e do básico para sobreviver”, critica.


O cerne da denúncia é a falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e insumos básicos. “Não tem luva, não tem máscara, nem pra nós acompanhantes que estamos com um paciente de caso de isolamento e nem muito menos com os próprios pacientes”, relata.


A situação se torna ainda mais crítica em procedimentos diários e essenciais. A denunciante afirma que precisa realizar tarefas delicadas sem a proteção adequada. “Eu tenho um paciente aqui que é o meu pai, que precisa manipular a bolsa de colostomia, e eu não tenho luva pra usar. Preciso ajudar quando ele está secretivo, a tirar a secreção, e não tem”, detalha ela, expondo a vulnerabilidade a que ambos estão submetidos.


A situação chegou a tal ponto que a improvisação se tornou a única saída. “Hoje eu fui procurar luva pra poder manipular, não tinha. Tive que pegar uma luva estéril”, conta. O uso de um material mais caro e destinado a procedimentos invasivos para uma tarefa de rotina não apenas indica um desperdício de recursos, mas, acima de tudo, evidencia a desorganização e a falha no abastecimento da unidade.


Equipes de Saúde no Limite, Administração na Mira


Em um ponto crucial de seu relato, a acompanhante faz questão de isentar a equipe da linha de frente. A crítica é direcionada à gestão. “Não é por parte de médico, nem enfermeiro, nem técnico, porque eles estão aqui para trabalhar e dar o seu melhor. Mas eles também precisam do mínimo possível e necessário para dar continuidade a um trabalho de excelência”, defende.


Para ela, a responsabilidade é clara. “Isso é culpa, sim, da administração do hospital regional. Porque eles têm que dar esse suporte”, afirma, descrevendo o sentimento geral como um “descaso” com a saúde da população. “Fica aí fazendo propaganda de televisão, mas não mostra que o básico: luva, sonda pra ajudar a aspirar, máscara… coisas efêmeras, que é o mínimo do mínimo que tem que ter dentro do hospital público, não tá tendo.”


Espaço Aberto


A denúncia levanta questões urgentes sobre a priorização de recursos e a gestão da saúde pública no estado. A reportagem deixa o espaço aberto para que a direção do Hospital Regional de Cacoal e a Secretaria de Estado da Saúde (SESAU) se pronunciem sobre as graves alegações apresentadas, esclarecendo as medidas que estão sendo tomadas para garantir que o básico e essencial nunca falte a quem mais precisa.

Fonte: RO Acontece

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