A Polícia Civil de Rondônia, por meio da 2ª Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco2), com apoio do Ministério Público do Estado, deflagrou nesta terça-feira (19) a Operação “A Última Dose”, que investiga um esquema de desvio e comercialização irregular de vacinas destinadas ao Sistema Único de Saúde (SUS) no município de Cacoal.
De acordo com as investigações, uma empresa privada de vacinação e servidores públicos municipais são suspeitos de integrar uma organização criminosa voltada ao desvio de imunobiológicos públicos.
A ação cumpriu mandados de busca e apreensão em residências de investigados, na sede da empresa suspeita, na Secretaria Municipal de Saúde e no Centro Especializado em Reabilitação II (CER II). Os agentes recolheram documentos, equipamentos eletrônicos, registros contábeis e outros materiais que possam comprovar a extensão do esquema criminoso.
A Justiça também determinou medidas cautelares que proíbem os investigados de manter contato entre si e com testemunhas, além de vedar o acesso a unidades de saúde municipais, exceto em casos de atendimento médico pessoal.
Venda ilegal de vacinas BCG
Segundo a Draco2, a empresa investigada teria aplicado de forma irregular vacinas BCG destinadas exclusivamente ao SUS, cobrando cerca de R$ 200 por dose de um imunizante que deveria ser oferecido gratuitamente pela rede pública.
O caso ganhou repercussão após a identificação de que dois lotes específicos da vacina BCG, produzidos pelo laboratório indiano Serum Institute e enviados pelo Ministério da Saúde em março e maio de 2023 apenas para a Secretaria Estadual de Saúde de Rondônia, teriam sido aplicados meses depois na clínica particular investigada.
A situação é considerada grave, já que a vacina BCG é fundamental para a prevenção de formas graves de tuberculose em crianças. Além disso, desde maio de 2023 o Ministério da Saúde suspendeu a disponibilização desse imunizante para a rede privada, o que reforça a suspeita de desvio.
Riscos à saúde pública
As autoridades destacam que, além do desvio de recursos públicos, o caso representa um risco direto à segurança sanitária da população, uma vez que as vacinas podem ter sido aplicadas sem o devido controle de qualidade e cadeia de frio.
“Este é um crime que atinge diretamente a saúde das nossas crianças e desvia recursos que deveriam beneficiar toda a população. Não vamos tolerar que transformem a saúde pública em negócio privado”, afirmou o delegado-geral da Polícia Civil, Jeremias Mendes de Souza.
As investigações prosseguem para identificar outros possíveis envolvidos e calcular o prejuízo causado ao sistema público de saúde. A análise do material apreendido deve revelar a dimensão da rede criminosa e eventuais crimes conexos.
Fonte: RO Acontece
Share this content:
Leave a Reply