Cirurgias no HRC: Entre Denúncias de Precarização e a Resposta da SESAU
O Hospital Regional de Cacoal (HRC) se tornou palco de um debate acalorado após o anúncio do retorno das cirurgias ortopédicas. Enquanto a Secretaria de Estado da Saúde de Rondônia (Sesau) celebra a retomada como um avanço na oferta de serviços, denúncias anônimas vindas de dentro da própria unidade de saúde pintam um quadro de caos e comprometimento de outras especialidades, levantando a questão: estaria o “progresso” operando à custa da qualidade e segurança de outros atendimentos?
A “Cortina de Fumaça”: Denúncias de um Cenário Crítico
Um técnico do Centro Cirúrgico do HRC, que prefere não se identificar por medo de represálias, trouxe à tona uma série de preocupações que transformariam a retomada das cirurgias ortopédicas em uma “verdadeira cortina de fumaça”. Segundo o relato, o número de anestesistas por plantão permanece o mesmo – apenas três – e a quantidade de salas cirúrgicas não foi ampliada, mantendo-se as cinco existentes. Para acomodar os procedimentos ortopédicos, a solução encontrada seria o cancelamento e adiamento diário de cirurgias essenciais de outras áreas, como cirurgia geral, urologia e oncologia.
A denúncia aponta que a falta de espaço na agenda, a escassez de profissionais e as limitações físicas do centro cirúrgico impedem que todos os pacientes recebam o atendimento necessário. “A população padece igual ou até mais”, lamenta a fonte, referindo-se ao sofrimento e à piora dos quadros clínicos dos pacientes que aguardam por procedimentos considerados básicos para sua qualidade de vida ou mesmo para a sobrevivência.
Além do gargalo em pessoal e espaço, uma outra grave falha estrutural foi denunciada: a torre da cirurgia por vídeo estaria quebrada há meses.
Apesar de a direção ter sido informada e cobrada diversas vezes, o problema persiste. Isso resulta no cancelamento de cirurgias eletivas, tanto para adultos quanto para pacientes pediátricos, impedindo-os de se beneficiarem das vantagens da cirurgia minimamente invasiva, que oferece recuperação mais rápida e menos riscos.
O Esclarecimento Oficial: Otimização e Compromisso com a População
Em contrapartida às denúncias, a Secretaria de Estado da Saúde de Rondônia (Sesau) emitiu uma nota de esclarecimento, buscando desmistificar as alegações e reafirmar seu compromisso com a saúde pública. A secretaria enfatiza que a retomada das cirurgias ortopédicas no HRC ocorre com base em um contrato formal, visando garantir o acesso contínuo da população da Macrorregião II – que abrange Cacoal e outros dez municípios – a procedimentos especializados de média e alta complexidade, suprindo uma demanda reprimida.
A Sesau esclarece que a dinâmica das escalas de plantão foi reorganizada com a inclusão de plantões extras aos finais de semana no centro cirúrgico, possibilitando a retomada dos procedimentos ortopédicos. A pasta salienta que não houve necessidade de ampliação da estrutura física do hospital, que segue contando com 166 leitos e 5 salas cirúrgicas, mas sim uma otimização dos recursos já existentes para ampliar a oferta de cirurgias “sem comprometer o fluxo regular das demais especialidades”.
A nota oficial da Sesau ainda ressalta que não há suspensão programada de cirurgias nas áreas de cirurgia geral, urologia ou oncologia. De acordo com a secretaria, os procedimentos seguem em andamento conforme a rotina hospitalar, organizados com base em critérios técnicos, clínicos e de segurança assistencial. No que diz respeito à anestesiologia, a Sesau garante que foram realizados os “devidos ajustes nas escalas para assegurar suporte adequado ao volume de cirurgias em todos os turnos, evitando impactos negativos nos atendimentos”.
A Secretaria de Estado da Saúde de Rondônia reafirma seu compromisso com a transparência, eficiência e qualidade no atendimento à população, garantindo a continuidade e a efetividade dos serviços ofertados.
Diante das informações contrastantes, a população da Macrorregião II aguarda por clareza e resultados efetivos. A questão que permanece é: a otimização dos recursos é suficiente para atender a toda a demanda cirúrgica do HRC sem prejuízos, ou as denúncias apontam para desafios maiores na gestão da saúde pública da região?
Fonte: RO Acontece
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