Cirone Deiró afirmou que o governo federal enganou os rondonienses no processo de privatização da BR 364
A BR-364, espinha dorsal do escoamento da produção de Rondônia e Mato Grosso, está no centro de uma intensa polêmica. Em uma audiência pública realizada nesta semana pela Comissão de Serviços de Infraestrutura do Senado Federal, presidida pelo senador Marcos Rogério, o modelo de privatização da rodovia foi duramente criticado por parlamentares e representantes da sociedade civil. O principal ponto de discórdia: a previsão de sete praças de pedágio sem a garantia de duplicação integral da via, considerada essencial para a segurança e o desenvolvimento do estado.
O debate, solicitado pelos senadores Marcos Rogério e Jaime Bagattoli e realizado na Câmara de Vereadores de Vilhena, reuniu a bancada federal de Rondônia, representantes da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), do Ministério dos Transportes e diversas entidades da sociedade civil.
“Governo Federal Enganou os Rondonienses”, Afirma Deputado
O deputado estadual Cirone Deiró (Podemos) foi um dos mais veementes críticos, relembrando que já em 2022 havia denunciado a falta de transparência no processo de concessão. “O governo federal enganou os rondonienses ao não incluir a duplicação no projeto e priorizar apenas a cobrança de pedágios”, afirmou Deiró.
O parlamentar também destacou a ausência de áreas de descanso para caminhoneiros e alertou para o fato de que a BR-364, sendo a única via de escoamento da colossal produção agropecuária de Rondônia e Mato Grosso, não terá melhorias significativas em sua infraestrutura. Ele exemplificou a urgência das intervenções mencionando as pontes construídas na década de 80, que necessitam de manutenção urgente, com algumas já apresentando comprometimento estrutural. Outra necessidade apontada por Cirone foi a construção de anéis viários nas cidades onde a BR-364 corta o centro urbano dos municípios.
Pedágios Primeiro, Investimentos Depois: Uma Lógica Invertida
A crítica ao modelo de privatização foi reforçada por Dilcionir Panatto, representante do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea). Segundo Panatto, a entidade questionou judicialmente a concessão por inverter a lógica dos investimentos. “Primeiro serão cobrados pedágios e só depois feitos poucos investimentos, com duplicação em apenas 113 km de trechos críticos”, declarou.
Marcos Biazzi, da Associação Comercial de Vilhena, trouxe à tona a preocupação com o impacto direto no bolso do consumidor. Ele alertou que os custos dos pedágios serão repassados, elevando o custo de vida em todo o estado. Luiz Felipe Marchesini Muller, presidente do Sindicato dos Transportes de Cargas de Rondônia, apresentou um cenário ainda mais preocupante: um caminhão que realizar o trajeto Vilhena–Porto Velho (ida e volta) pagará aproximadamente R$ 2 mil em pedágios. “Valores incompatíveis com a realidade do estado, que já sofre com combustíveis mais caros”, disse ele, conclamando a bancada federal a garantir a duplicação e outros investimentos essenciais em infraestrutura.
Esperança para o Contrato: Segurança e Desenvolvimento em Jogo
Ao final da audiência, Cirone Deiró demonstrou otimismo com a informação do senador Marcos Rogério de que o contrato de concessão da BR-364 ainda não foi assinado. A Comissão de Infraestrutura e a bancada federal buscarão incluir cláusulas benéficas para os rondonienses, priorizando a segurança e o desenvolvimento.
“A duplicação dos 500 km é essencial para reduzir os mais de 1.400 acidentes registrados em 2024, com centenas de mortes”, destacou o deputado. Ele concluiu afirmando que a audiência do Senado Federal reforçou a necessidade urgente de um modelo que priorize a segurança dos motoristas e o desenvolvimento econômico de Rondônia, e não apenas a arrecadação via pedágios.
Fonte: RO Acontece
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